Memória da pele

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Música de João Bosco e do poeta baiano Waly Salomão, que escrevia como se já tivesse morrido. A letra desta canção diz muita coisa. É um brinde aos que pertecem a “raça da pedra dura”, ignóbeis humanóides que aspiram exageradamente o pouco de alguns.

Eu já esqueci você
Tento crer
Nesses lábios que meus lábios sugam de prazer
Sugo sempre
Busco sempre
A sonhar em vão
Cor vermelha carne da sua boca, coração
Eu já esqueci você, tento crer
Seu nome, sua cara, seu jeito, seu odor
Sua casa, sua cama
Sua carne, seu suor
Eu pertenço a raça da pedra dura
Quando enfim juro que esqueci
Quem se lembra de você em mim
Em mim
Não sou eu sofro e sei
Não sou eu finjo que não sei, não sou eu
Sonho bocas que murmuram
Tranço em pernas que procuram enfim
Não sou eu sofro e sei
Quem se lembra de você em mim
Eu sei, eu sei
Bate é na memória da minha pele
Bate é no sangue que bombeia
Na minha veia
Bate é no champanhe que borbulhava
Na sua taça e que borbulha agora na taça da minha cabeça
Eu já esqueci você, tento crer
Nesses lábios que meus lábios sugam de prazer
Sugo sempre
Busco sempre a sonhar em vão
Cor vermelha, carne da sua boca, coração

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Ainda serve

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Transita espigada balançando os braços e as cadeiras pelos corredores vazios de boas idéias. Sacode os cachos tonalizados e coça o olho de maneira especial, de forma a provocar olhares incautos de praticamente todos os circundantes.

Nada parece que é natural. Tenho a impressão de que tudo é treinado e artificial. De tão ensaiado e decorado, tornou-se parte do “seu” ser, como fazem as top models que levam para o dia-a-dia (foda-se o novo acordo ortográfico) o ar andrógino e os trejeitos esquisitos das passarelas.

Se pudesse estabelecer uma comparação de momento para defini-la, o faria talvez com a autora do relato de “A Casa dos Budas Ditosos”. Arpia, sádica, sacana, escrota, envenenada, traidora nata. Helena de Tróia? Um dia talvez, mas ainda terá que melhorar muito.

Fêmea dominante, estaria certamente na arca de Noé dos seres humanos. A camisa dez da seleção feminina de futebol de todos os tempos. Alías, a camiseta de número nove lhe cairia melhor, pois o seu perfil é mais de centroavante do que de meio-campista de armação. Com a bola nos pés, seria uma espécie da Dadá Maravilha de saias, uma matadora nata... incapaz de fazer seis embaixadinhas. Coisas típicas de predadora.

No palco da vida melhor atriz não há. Desarma a todos. Tem sempre uma boa e velha piada na bolsa. Justificativas e desculpas, então, nem se fala. Mas - de quando em vez - a danada faz uma carinha de piedade. Uma expressão, assim, de quem está vazia.

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Desliguei o decodificador

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Não é necessário entender o que o outro está pensando. Existem coisas que simplesmente não foram feitas para gerar explicações, teses, concertos e conceitos. Entendi que talvez o melhor caminho seja abrir mão das tentativas de elucidação dos pensamentos e sentimentos alheios.

Quando eu era criança, minha mãe dizia que um colega dela de infância ficou maluco porque estudava demais e, conseqüentemente, queria entender tudo. A lembrança da voz aguda de Dona Bené - narrando passagens da sua infância em Santo Antonio de Jesus - acendeu um farol amarelo-alaranjado diante de mim. Compreendi a mensagem.
Quem tenta entender demais fica doido. Além disso, o amor próprio é tão grande...

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Sem paciência

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Sabe aquela regra matemática que assegura que mais com mais dá mais? No amor também é assim. Os pólos positivos entram em combustão quando juntos, sai lasca de fogo para tudo que é lado, um rendez- vous total.

Mas tudo que ela quer é ser recessiva de vez em quando, chorar, admitir incapacidade, mostrar-se fraca, impotente, abestalhada, fraca de fé, humana demasiadamente humana, pura e nua como veio ao mundo.

Todavia, isso só acontecerá se o pólo macho fizer uma brusca inflexão à direita. A daminha só quer ser puxada pela mão e ouvir, de vez em quando, cantiga de ninar, pois o bico que exibe não é de zanga. É de dengo.

Tem que ter muita paciência...

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O meu guri - Chico Buarque

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Quando, seu moço
Nasceu meu rebento
Não era o momento
Dele rebentar
Já foi nascendo
Com cara de fome
E eu não tinha nem nome
Prá lhe dar
Como fui levando
Não sei lhe explicar
Fui assim levando
Ele a me levar
E na sua meninice
Ele um dia me disse
Que chegava lá
Olha aí! Olha aí!

Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Chega suado
E veloz do batente
Traz sempre um presente
Prá me encabular
Tanta corrente de ouro
Seu moço!
Que haja pescoço
Prá enfiar
Me trouxe uma bolsa
Já com tudo dentro
Chave, caderneta
Terço e patuá
Um lenço e uma penca
De documentos
Prá finalmente
Eu me identificar
Olha aí!

Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Chega no morro
Com carregamento
Pulseira, cimento
Relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar
Cá no alto
Essa onda de assaltos
Tá um horror
Eu consolo ele
Ele me consola
Boto ele no colo
Prá ele me ninar
De repente acordo
Olho pro lado
E o danado já foi trabalhar
Olha aí!

Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Chega estampado
Manchete, retrato
Com venda nos olhos
Legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente
Seu moço!
Fazendo alvoroço demais
O guri no mato
Acho que tá rindo
Acho que tá lindo
De papo pro ar
Desde o começo eu não disse
Seu moço!
Ele disse que chegava lá
Olha aí! Olha aí!

Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí
Olha aí!
E o meu guri!...(3x)

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Faço questão de não ser entendido... Definitivamente

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A boa leitura é bem parecida com o ótimo sexo. Somos tomados por sucessivas sensações transloucas, por vezes insanas, espasmos pleonásticos incontroláveis e uma vontade louca de dominar e ser dominado.

Quando o enredo é bom, não temos vontade de parar. Não obstante a isso, seqüenciamos um capítulo atrás do outro, cada leitor no seu ritmo e estilo de juntar palavras. Uns preferem curtir as letras pela manhã cedo; outros na tardinha ou ainda no último momento antes de dormir.

Mas há também os iletrados: esses elementos deletérios não topam nunca juntar nacos de inhos e de nhãos. Preferem escrever e ler sozinhos, enclausurados em cela assombrada. Vai entender a cabeça de quem dorme no sereno. Mente de gente é terra que ninguém explora, nem colonizador high-tech portador de GPS.

Quando vencemos a última página do livro bom, aquela derradeira que olhamos logo quando pegamos o produto na prateleira, o prazer vem fumegante. A saudade vem em seguida, boa, densa e com gosto de quero mais. No ato posterior, o espírito do mais cético dos metafísicos se eleva. Quer mais, mais e mais. Anseia pelo próximo livro, afinal o prazer do desbravador reside no desafio de chegar aonde ninguém mais chegou.

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Comemorar com galhardia e refletir com a derrota

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Certo dia uma figura admirável, protagonista de muitas experiências, me disse que “ganha quem erra menos”. Refleti sobre isso como quem assimila o silêncio do outro. O grande ensinamento da frase em questão é a admissão de que todo mundo erra; só não erra quem não joga. E, daí, viver sem jogar é não justificar a própria existência e construir uma trajetória com honra genérica.

Quando se faz qualquer investimento, de cara os percentuais de vitória e derrota são os mesmos, cinqüenta por cento de parte a parte. Mas a possibilidade de se dar mal pode nos fazer abrir mão de entrar em disputas? Pode sim. No entanto, se assim o for caracterizam-se os grandes atos de covardia. Ora, ora... para visualizar os brancos peitos de Deus, é necessário, por muitas vezes, flertar com o demônio.

Além disso, como dizia o saudoso mestre Darcy Ribeiro, um dos últimos políticos românticos dos nossos tempos, há derrotas das quais devemos nos orgulhar, pelo simples fato de ter travado o bom combate, lutado com disciplina e, acima de tudo, por defender uma idéia considerável. Não se trata de aceitar a queda numa boa. Assim como a maioria das pessoas, odeio perder. Pois o bom mesmo é ganhar. Melhor ainda é poder aprender com a vitória e a derrota. Fazer de qualquer limão uma limonada.

Comemorar com galhardia e refletir com a derrota é saber viver. Vivamos!

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Tô quase odiando títulos

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Vou recomeçar a temporada de coisas boas. Hoje mesmo, como sem falta, entrarei no universo de Budapeste, de Chico Buarque. Quem sabe assim me venham idéias inspiradoras para colocar o mundo novamente nos eixos. Seria muito bom, né? Mas sabe de uma coisa... não sei se quero não. De vez em quando é tão bom ver as coisas de cabeça para baixo. No mínimo, tenho a oportunidade de enxergar sob um prisma incomum. E no mais, se tudo der certo, vou arrebentar a boca do balão. Tudo é aposta. Sou corajoso e kamikase suficientemente para tentar. Preciso justificar diariamente a minha existência. Assim o faço.

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Pedaços da alma

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O pior de tudo é não poder chorar. Sinto-me cansado de ser forte. De ter que sempre disfarçar com um falso sorriso sem brilho. Como bem disse o poeta santamarense, cada um é que sabe a dor e a delícia de ser o que é.

As dores profundas são somente minhas. Os sonhos mais nobres também. Poderiam ser de tantos. Cercado por tanta gente, mas sempre sozinho. A minha individualidade, que chega até a ser perversa, é sufocante. Logicamente, esgota-se em mim mesmo. Pior ainda: empurra-me ao abismo abissal da solidão de quem perde pouco-a-pouco pedaços da alma.

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O Filho Que Quero Ter

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Outra obra de arte de Chico Buarque. O Filho que Quero Ter é uma música terna, densa, como a força estranha de quem domina pela simplicidade. Segue a letra:


É comum a gente sonhar, eu sei
Quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar
Um sonho lindo de morrer.

Vejo um berço e nele eu me debruçar
Com o pranto a me correr.
E assim chorando acalentar
O filho que eu quero ter.

Dorme meu pequenininho,
Dorme que a noite já vem.
Teu pai está muito sozinho
De tanto amor que ele tem.

De repente o vejo se transformar
Num menino igual a mim
Que vem correndo me beijar,
Quando eu chegar lá de onde vim.

Um menino sempre a me perguntar
Um porquê que não tem fim.
Um filho a quem só queira bem
E a quem só diga que sim.

Dorme menino levado,
Dorme que a vida já vem.
Teu pai está muito cansado
De tanta dor que ele tem.

Quando a vida enfim me quiser levar
Pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba me roçar
No derradeiro beijo seu.

E ao sentir também sua mão vedar
Meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz e me embalar
Num acalanto de adeus...

Dorme meu pai, sem cuidado.
Dorme que ao entardecer
Teu filho sonha acordado
Com o filho que ele quer ter...

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Geni e o Zepelim

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O ser humano é um ingrato por excelência. Chico Buarque escreveu uma música antológica sobre o tema. Um verdadeiro hino à ingratidão. Vale a pena conferir.


Composição: Chico Buarque

De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo - Mudei de idéia
- Quando vi nesta cidade
- Tanto horror e iniqüidade
- Resolvi tudo explodir
- Mas posso evitar o drama
- Se aquela formosa dama
- Esta noite me servir
Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
- e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni
Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

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Se a Direita inova na comunicação, qual o papel da Esquerda no comando da máquina?

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Certamente, a geração que tem atualmente entre 25 e 35 anos de idade, ao ouvir - na adolescência - o lugar comum de que a juventude é a esperança de um futuro melhor, não considerava o seu papel estratégico na construção de instituições mais sólidas e eficientes. Cada vez é maior o número de debutantes balzaquianos com destaque na política.

Vi esses dias um exemplo emblemático. São Paulo, o estado mais rico e importante do país, tem um secretário com pouco mais de 30 anos de idade. Trata-se de Bruno Caetano, titular da pasta de Comunicação, que desbancou o todo-poderoso Hubert Alquéres, professor universitário e tido, até então, como um dos bambambãs do pedaço.

Um dos maiores destaques individuais do governo Serra, Caetano é cria (criatura) da juventude do PSDB, com participação no movimento estudantil e experiência em assessoria de vereadores e deputados estaduais. Em setembro de 2007, ele assumiu o cargo com a difícil tarefa de humanizar e tornar mais eficiente a comunicação da gestão tucana.

Suas primeiras medidas foram a regionalização da produção (pautas específicas para os veículos do interior), invadir, no sentido mais amplo da acepção, o universo da internet (foram criados perfis oficiais no twitter, orkut, facebook, flickr e my space) e, por fim, a avaliação das áreas estratégicas (saúde, educação, transportes e segurança) passou a ser realizada a cada quinze dias. Isso mesmo: o tucanato faz sondagens qualitativas duas vezes por mês.

Todos os meses os mais de um milhão de servidores públicos paulistas recebem confortavelmente em casa uma revista, com muitas fotos e somente informações essenciais, sobre as ações de Serra. Todas as propagandas, antes de serem veiculadas no rádio, tevê, outdoor e internet são apresentadas aos funcionários do órgão que cuida da ação/programa relacionada a campanha publicitária. O nome disso é endomarketing. Basicamente, consiste em oferecer aos servidores subsídios para que eles conheçam e, a partir disso, defendam os produtos e a instituição onde cumprem obrigações funcionais.

O trabalho executado por Bruno Caetano tem dados bons resultados, haja visto que a avaliação positiva do governo tem melhorado bastante. E os bons resultados estão desatrelados do aumento excessivo dos gastos em publicidade, que consomem atualmente 0,16% da arrecadação total. Um número considerado médio. O fato é que ter bons projetos faz a diferença. Só para ter idéia, quem mais gasta com propaganda (0,65% da soma total de divisas), dentre todas as unidades federativas do país, é o Amazonas.

Este texto não é um brinde às incursões peessedebistas e muito menos ao gestor da Comunicação oficial do Governo de São Paulo. Bruno Caetano é, aqui, apenas uma metáfora para mostrar que, em muitas áreas, a Esquerda, que por DNA deveria ser revolucionária, é conservadora. Não experimenta o novo e concentra esforços em táticas e figuras ultrapassadas. Prefere, às vezes, em detrimento ao pioneirismo, o bom e velho currículo recheado.

Enquanto isso, a Direita, em posição paradoxal, tem peito de experimentar e bancar um quadro jovem em uma área estratégica como é a comunicação social. Isso é, para mim, a moral da história das linhas rabiscadas acima. Se a direita inova e revoluciona administrativamente, o que resta então para esquerda empreender? A questão merece uma reflexão séria e profunda, porque, mais do que gerir de forma eficaz a máquina pública, é fundamental revelar e qualificar quadros, protagonistas e pontas de lança de projetos técnicos-políticos. (GH)

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Tem gente que pensa que liberdade de expressão é só “força de expressão”

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Estamos em uma fase perigosa para a imprensa. Primeiro, de forma irresponsável, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela não obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Agora, em Camaçari, uma guarnição da Polícia Militar desrespeitou e agrediu moralmente a produtora editorial Saadia Souza, do jornal eletrônico Camaçari Notícias (CN1). A truculência dos agentes envolvidos no episódio lembrou os piores momentos do sangrento rastro deixado pela Ditadura que calou, torturou e até tirou a vida de valorosos profissionais da informação.

Parece até que liberdade de expressão é somente “força de expressão”. Parece piada de mau gosto, mas, por azar, não é. Em um surto autoritário que beirou o descontrole, o que é, infelizmente, comum em parte dos agentes da repressão institucionalizada, o braço do Estado criado para proteger os cidadãos deu um tapa na cara da democracia. Impedir um repórter de registrar um fato ocorrido em via pública nada mais é do que golpear os princípios básicos da vida social.

A “agressão” não foi somente a aguerrida Saadia Souza, que estava apenas cumprindo as suas obrigações funcionais, e aos leitores do CN1. Foi também uma violência contra toda a imprensa e, de certa forma, a população de Camaçari.

Neste momento, é importante que todos os veículos de comunicação da cidade manifestem repúdio a atitude da guarnição da PM em questão. Os que não fizerem isso estarão prejudicando a si próprios.

Hoje, o “ataque” foi contra Saadia e ao CN1. Mas amanhã poderá ser comigo ou com qualquer outra pessoa que ganha a vida na garimpagem da notícia. É inadmissível que esse episódio abra precedentes.

Com unidade e determinação, o conjunto dos profissionais de imprensa de Camaçari espera que o comando da PM se posicione sobre a questão e venha, de público, reconhecer os erros incontáveis da desastrosa ação.

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Peixe Grande

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Peixe Grrande
Upload feito originalmente por Geraldo Honorato


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Mais Natureza

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Natureza para a vida ficar melhor

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Broto advanced
Upload feito originalmente por Geraldo Honorato
Esse clique foi no Jardim da Câmara Municipal de Camaçari, em um dia atípico, em plena volta de feriado. Salvou o jornada.

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Maior do que o homem é a sua obra

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Quem nasceu entre as décadas de 70 e 80 saberá bem do que vou falar. Aos que dançaram, ou simplesmente esboçaram uma imitação silenciosa dos passos flutuantes de triller, a prosa, que - a partir de agora - vai se desenvolver, soará, quem sabe, como um carinho aos ouvidos.

Michael Joseph Jackson, cujo sucesso estrondoso inspirou milhares de mães brasileiras, quase sempre paupérrimas, a nominar os filhos, morreu esta semana e, como é comum nesses tipos de episódios, há poucas avaliações sérias sobre o significado da perda desta figura que fora batizada, ainda no início da carreira, de o Rei do Pop.

Artista de raro talento, Jackson teve a trajetória dividida em três etapas: infância (Jackson Five), maturidade musical (época em que vendeu, por exemplo, mais de 100 milhões de discos somente com o álbum Triller) e decadência jocosa, quando passou a aparecer na mídia apenas por conta das muitas excentricidades e dos escândalos de variadas ordens.

Algumas análises injustas tomam por base majoritária apenas os fatos pertencentes ao último ciclo da vida do pop star, o que é injusto e até desonesto. Ignoram, pura e simplesmente, a pedra basilar dos que fazem carreira sólida no show bussiners: o talento. E talento, é inegável, Michael Jackson tinha demais. Cantava muito bem, cabe ressaltar que ele alcançava notas agudas como poucos, e ditou moda na dança, com passos e sequências que pareciam desafiar as leis da física.

Há um fato na história do Rei do Pop que pode passar despercebido da maior parte das pessoas, mas é, para mim, fundamental. Também conhecido por ter se submetido a um degenerativo processo de enbranquecimento, que pode ser entendido como uma tentativa desesperada de negação da origem afro, o cantor de Black or White desempenhou um papel paradoxal na aceitação da música essencialmente negra pela elite branca.

É isso mesmo. Durante toda a sua vida, dos primeiros passos na Montow aos últimos hits emplacados nas paradas de sucesso, ele foi um artista estritamente negro. Provas disso são o falsete marcante, o fraseado do soul e a dança híbrida, junção de elementos da bailado de salão com o puro swing dos guetos, que sempre exibiu nos palcos. Neste sentido, o dono do rancho Neverland foi um elemento agregador entre as raças, uma relação que ainda haverá de ser estudada detalhadamente pela Academia e especialistas do mundo artístico.

Outro elemento essencial para dimensionar o tamanho da obra e, conseqüentemente, da importância do homem que, do alto de suas extravagâncias, pensou ser Peter Pan, o menino das fábulas que jamais se tornou adulto, foi a influência avassaladora exercida por ele em praticamente todos os artistas pop de sucesso. Em outras palavras, isso significa que quase todo mundo tem um pouco de Michael Jackson, seja através da valorização da coreografia como atributo ou da preocupação com a composição do figurino.

Por fim, o legado mais importante deixado foi a clara demonstração de que mais importante do que o homem – em si - é a obra consolidada por ele. Em função disso, deveremos lembrar sempre de Michael Joseph Jackson como um dos maiores artistas de todos os tempos, um sujeito que cravou o nome na história da música e marcou a vida de milhões de pessoas.

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Vinícius de Moraes: Poética

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De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.

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Ira! 15 anos

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Composição: Gasparini e Edgard Scandura

Quando me sinto assim
Volto a ter quinze anos
Começando tudo de novo
Vou me apanhar sorrindo


Seu amor hoje
Me alimentará amanhã
Eis o homem
Que se apanha chorando


Vivendo e não aprendendo
Eis o homem, este sou eu
Que se diz seguro
Que se diz maduro

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Tom Zé: o dólar não é real

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Sabe aqueles dias em que o cabra tem a obrigação de escrever, um monte de idéias (abaixo o novo acordo ortográfico) soltas na mente, mas não sai absolutamente nada? Pois é, esse é o quadro de momento. Para ver se pintava inspiração, folhei um exemplar antigo e manchado de Caros Amigos, e li - em vão - algumas linhas da entrevista de Ariano Suassuna. Nada. Liguei a tevê, zapeei por mais de uma dezena de canais e, como num passe de mágica, assisti um clipe de Tom Zé. Pronto, achei a tão perseguida pauta.

Decidi escrever em letras garrafais que Tom Zé, artista baiano revelado nos anos 60, é o cara. Pouquíssimos artistas fizeram da vanguarda musical e das experimentações moradia tal qual ele faz. Como se sucedem com todos os talentos dominantes, o reconhecimento da sua arte só se dará na posteridade. Por falar nisso, o filósofo alemão Nietzsche costumava dizer que não escrevia para os leitores da geração dele, mas para as pessoas de outro tempo.

Natural da sertaneja cidade de Irará, o septuagenário Antônio José Santana Martins é uma figura ímpar. Filho de comunistas e de “formação erudita”, será rebelde até o final dos dias. Provocar e chocar com letras sinuosas é a sua missão, tudo isso combinado com uma presença de palco insana e original. Além de cantor e tocador, é ator de mão cheia, pois vive profundamente a música quando a debulha.

No clipe que “espreitei”, Tom Zé manda o mercado financeiro “tomar na virgem” e, ainda por cima, queima a cédula de um dólar com um isqueiro de mercearia de bairro popular, daqueles que os fumadores de pacaio carregam no bolso. Imaginem só a story line da cena. De tão tosca e inconseqüente (mais uma vez abaixo o acordo feito pra quem não sabe escrever) é brilhante. É justamente aí, na galáxia dos loucos, que habita a magia. Sem auréolas de falso curador, isso é arte original, autêntica e tupiniquim. Cheia de incongruências, como é a cara marcada do Brasil, país rico de maioria morta de fome.

Certamente, nunca venderá mais de 100 mil cópias de “disco” e nem será agraciado com o Grammy Latino da categoria world music. O alento é que essa premiação não é lá parâmetro para muita coisa. Só para situar os desavisados, a apresentadora de programa de auditório e dublê de cantora Eliana já ganhou o Grammy. É óbvio que muita gente boa, a exemplo de Gilberto Gil e Milton Nascimento, também já venceu.

O fato é que Tom Zé continua sem fazer sucesso. Sorte dele, talvez. Ah, também prossegue polêmico e brilhante. Rápido como um raio, tem opinião para praticamente todas as prosas. É isso que o faz diferente, especial, assimétrico e inconceituável.

Como recado final, fica o ensinamento retirado da sapiência típica do Moleiro de Frioule: se for para ser mais do mesmo, é melhor até que não seja. Viva Tom Zé! O Cara!

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Aznavour: um dos maiores cantores de todos os tempos

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Aznavour nasceu Shahnour Vaghinagh Aznavourian (em armênio: Շահնուր Վաղինակ Ազնավուրյան), filho dos imigrantes armênios Michael e Knar Aznavourian. Seus pais, que eram artistas, o introduziram ao mundo do teatro em tenra idade.

Ele começou a atuar aos nove anos de idade e logo assumiu o nome artístico Charles Aznavour. Seu grande estouro aconteceu quando a cantora Édith Piaf o ouviu cantar e o levou consigo numa turnê pela França e pelos Estados Unidos.

Freqüentemente descrito como o Frank Sinatra da França, Aznavour canta principalmente o amor. Ele escreveu musicais e mais de mil canções, gravou mais de 100 álbuns e apareceu em 60 filmes, incluindo Atirem no Pianista e O Tambor. Aznavour canta em muitas línguas (francês, inglês, italiano, espanhol, alemão, russo, armênio e português), o que o ajudou a se apresentar no Carnegie Hall e noutras casas de espetáculos mundo afora. Ele gravou pelo menos uma canção do poeta Sayat Nova, do século XVIII, em armênio. "Que c'est triste Venise", cantada em francês, em italiano ("Com'è triste Venezia"), espanhol ("Venecia sin tí"), inglês ("How sad Venice can be", "The Old-Fashioned Way") e alemão ("Venedig im Grau") estão entre as mais famosas canções poliglotas de Aznavour. Nos anos 70, Aznavour tornou-se um grande sucesso no Reino Unido, onde sua canção "She" saltou para o número um nas paradas de sucessos.

Admirador do Quebeque, ele tem ajudado a carreira da cantora e letrista quebequense Lynda Lemay na França, e tem uma casa em Montréal.

Desde o terremoto de 1988, na Armênia, Aznavour tem ajudado o país através de sua obra caritária: a Fundation Aznavour Pour L'Arménie ("Fundação Aznavour para a Armênia"). Há uma praça com seu nome na cidade de Erevan, na rua Abovian. Aznavour é membro da Câmara Internacional do Fundo de Curadores da Armênia. A organização tem arrecado mais de 150 milhões de dólares em ajuda humanitária e assistência de desenvolvimento de infra-estrutura para a Armênia desde 1992. Charles Aznavour foi nomeado como "Officier" (Oficial) da Légion d'Honneur em 1997.

Em 1988, Charles Aznavour foi eleito "artista do século" pela CNN e pelos usuários da Time Online espalhados pelo mundo. Aznavour foi reconhecido como notável performer do século com cerca de 18% da votação total, desbancando Elvis Presley e Bob Dylan. Após a morte de Frank Sinatra, Charles Aznavour é o último dos crooners tradicionais.

A lista de artistas que já cantaram Aznavour abrange de Fred Astaire a Bing Crosby, de Ray Charles a Liza Minelli. Elvis Costello gravou "She" para o filme Notting Hill. O tenor Plácido Domingo é um grande amigo de Aznavour e freqüentemente canta seus hits, principalmente a versão de Aznavour de Ave Maria, de 1994.

No início do outono de 2006, Aznavour iniciou sua turnê de despedida, apresentando-se nos Estados Unidos e no Canadá, deixando ótimas lembranças. Para 2007, Aznavour tem concertos agendados no Japão e no resto da Ásia.[carece de fontes?] Ele tem afirmado repetidamente que essa turnê de despedida, se a saúde lhe permitir, vai ultrapassar 2010. Com mais de oitenta anos de idade, Aznavour demonstra excelente saúde. Ele ainda canta em várias línguas e sem teleprompters, mas tipicamente canta apenas em duas ou três - francês e inglês são as duas primárias - espanhol e italiano em terceiro lugar, durante a maioria dos concertos. Em 30 de setembro de 2006, Aznavour apresentou-se num grande concerto em Erevan, capital da Armênia, como estréia da série "Armênia, minha amiga" na França. O presidente armênio Robert Kocharian e o presidente francês Jacques Chirac, à época em visita oficial à Armênia, estavam na primeira fila.


Fonte: Wikipedia.


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A volta do irmão do Henfil

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*Nota sobre a música O Bêbado e o Equilibrista.

O irmão do Henfil, famoso cartunista brasileiro morto em decorrência da AIDS, era o brilhante sociólogo Heberth de Souza, o Betinho, também vítima da mesma doença.

No final dos anos 70, Betinho, opositor ao regime militar instalado com o Golpe de 1964, encontrava-se exilado na França. Tinha definido que, diante do conturbado cenário político, não voltaria mais a viver no Brasil.

Também achava que não valia mais a pena lutar contra a repressão, já que tantas pessoas perderam a vida em nome da causa e nem por isso os militares deixaram de desfrutar do apoio da maioria da população.

Até que a dupla João Bosco (música) e Aldir Blanc (poesia) escreveu “O bêbado e o equilibrista”, que, em tom de metáfora, bradou o sonho da liberdade política, e cravou para a história o verso “Brasil que sonha com a volta do irmão do Henfil”. Pronto, Betinho transformou-se em signo da luta contra a ditadura.

O sociólogo, ainda em Paris, ouviu a canção pela primeira vez por telefone. Retornou ao Brasil logo após a anistia e, por fim, entendeu que “o show tem que continuar”. Sempre!

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O bêbado e o equilibrista (João Bosco e Aldir Blanc)

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Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos
A lua tal qual a dona do bordel

Pedia a cada estrela fria um brilho de a...lu...guel
E nuvens lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas, que sufoco louco
O bêbado com chapéu coco fazia irreverências mil
Prá noite do Bra...sil, meu Brasil
Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu num rabo de foguete

Chora a nossa pátria mãe gentil
Choram marias e clarisses no solo do Brasil
Mas sei que uma dor assim pungente não há de ser inutilmente
A espe...rança dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha pode se ma...chu...car
Azar, a esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
tem que continuar

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Ode para tal

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Transita espigada balançando os braços e as cadeiras pelos corredores vazios de boas idéias. Sacode os cachos tonalizados e coça o olho de maneira especial, de forma a provocar olhares incautos de praticamente todos os circundantes.

Nada parece que é natural. Tenho a impressão de que tudo é treinado e artificial. De tão ensaiado e decorado, tornou-se parte do “seu” ser, como fazem as top models que levam para o dia-a-dia (foda-se o novo acordo ortográfico) o ar andrógino e os trejeitos esquisitos das passarelas.

Se pudesse estabelecer uma comparação de momento para defini-la, o faria talvez com a autora do relato de “A Casa dos Budas Ditosos”. Arpia, sádica, sacana, escrota, envenenada, traidora nata. Helena de Tróia? Um dia talvez, mas ainda terá que melhorar muito.

Fêmea dominante, estaria certamente na arca de Noé dos seres humanos. A camisa dez da seleção feminina de futebol de todos os tempos. Alías, a camiseta de número nove lhe cairia melhor, pois o seu perfil é mais de centroavante do que de meio-campista de armação. Com a bola nos pés, seria uma espécie da Dadá Maravilha de saias, uma matadora nata... incapaz de fazer seis embaixadinhas. Coisas típicas de predadora.

No palco da vida melhor atriz não há. Desarma a todos. Tem sempre uma boa e velha piada na bolsa. Justificativas e desculpas, então, nem se fala. Mas - de quando em vez - a danada faz uma carinha de piedade. Uma expressão, assim, de quem está vazia.

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Quem são eles?

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Desde muito tempo estão os “dito cujos” a usufruir da bendita fruta da ignorância alheia, que durante diversas estações lhe renderam festas pomposas, extravagâncias aos filhinhos, salamaleques mil e o duvalier adocicado das comemorações. Têm, certamente, saudade da época em que davam as cartas, desmandavam na cidade e promoviam orgias sob o argumento mal versado do benefício coletivo.

Hoje, sentem-se maltratados. Não suportam esses meninos comunistas metidos a gênio, que para tudo parecem ter resposta. “Não sabem nada. ‘Cambada de sem voto’”, cochicham pelos corredores dos prédios públicos. Muitos deles – os inconformados – agem ainda como se fosse detentores da delegação maioral do povo.

Imorais, inescrupulosos e incompetentes. Não fizeram nada além de surrupiar a merenda do coleguinha e engordar o próprio patrimônio. Bando de escroques. Pensam ser ainda o centro do mundo. Nunca foram. Mercadores de consciência, isso sim! A vida os viveu e não o contrário.

Eles estão chorosos. Consideram os “do passado” mais lucrativos. Afinal, atendiam plenamente e exclusivamente os interesses exclusos do clã hediondo. Como golpistas de berço e deformados de cátedra, vão trair a qualquer momento. É certo que pensam nisso, portanto já o fazem em pensamento.

O aviso está dado, só cai quem quiser.

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MÚSICA: FLERTE FATAL

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Tanta gente hoje descansa em paz
Um rock star agora é lenda
Esse flerte é um flerte fatal
Esse flerte é um flerte fatal
Que vai te consumir
Em busca de um prazer individual
Esse flerte é um flerte fatal
É sempre gente muito especial

Muita gente já ultrapassou
A linha entre o prazer e a dependência
E a loucura que faz
O cara dar um tiro na cabeça
Quando chegam além
E os pés não tocam mais no chão
Esse flerte é um flerte fatal
Esse flerte é um flerte fatal

Esse flerte é um flerte fatal
Esse flerte é um flerte fatal
Esse flerte é um flerte fatal
Esse flerte é um flerte fatal

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Minha esquadra é espartana. Bora Baêêêêa!

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Perdemos, mas lutamos até o último instante. Além do mais, a nossa derrota não pode ser creditada na plenitude a competência do adversário. Muito menos a nossa inoperância.

Fomos gafados sacanamente pelo árbitro, que já havia operado antes para o Vitória em partida contra o Fluminense carioca, válida pelo Campeonato Brasileiro do ano passado. Na ocasião, ele deixou de marcar dois pênaltis a favor do time das Laranjeiras.

Desta vez, o juiz gaúcho – prefiro nem citar o nome - marcou uma penalidade controversa, oriunda de um lance fragoroso de impedimento, e deixou de expulsar o jogador Neto Baiano, do Vitória, que fez e abusou no segundo tempo.

Não ganhamos o Baianão por conta de dois gols. Mas reafirmamos que o Bahia é o time da raça. Passada a raiva e o desapontamento, vem agora o orgulho de ser tricolor e, principalmente, de expressar o que é ser baiano.

Estou confiante para a série B do Campeonato Brasileiro. Precisamos de reforços. Com todo o respeito, Marconi e Evaldo não têm condições técnicas de jogar no Esquadrão de Aço. Precisamos ainda de um “homem gol”.

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Poesia sem nome

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Quisera algo pra mensurar a dor

Pungente, daquelas silenciosas, cruéis e fatais;

Como o desejo amordaçado de quem ama,

Mas não pode, por pseudo pecado, dizer o nome do ser amado.

Só quem amou assim pode entender.

Corrói saber que o seu, neste momento, é de outrem;

Simplesmente o seu amor não o pertence.

Tão perto, distante, presente e ausente;

Passado praticamente dista e não existe.

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Lisergicamente

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Assim... acontece bem de repente e sem aviso prévio. O ideal, pelo menos para as grandes e boas histórias, é que o indivíduo acometido não tenha tempo e espaço para reagir. Aliás, tentativas de reação só pioram a situação, pois trata-se de uma briga desigual. De remédio, só há o tempo. O medicamento, porém, pode ter, a depender das respostas aos estímulos, um grave efeito colateral: a dependência.

Afinal, do que se trata o "textículo" acima?

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O costume do cachimbo deixa a boca torta

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Conta um certo adágio popular que, em época de eleição, os políticos beijam meninos catarrentos aos montes, comem infinidades de bolos solados e, sem esboçar a menor repulsa, pisam na mais nojenta lama em busca do produto mais desejado do momento: o voto. E foi assim, em uma das caçadas cotidianas ao “ouro de Moscou”, que um experiente candidato a vereador – vencedor e perdedor de muitos pleitos – rendeu subsídios à história relatada abaixo.

Em tempo de vacas magras e com baixa popularidade junto ao eleitorado, Roy Corrói, depois de quase uma década fora do poder, finalmente resolveu voltar à cena política. Como bom candidato de oposição, tinha clareza de que a periferia era o melhor lugar para “dar pau” nos governantes da vez, afinal é lá, na escória, onde as diferenças sociais e a má prestação dos serviços públicos são mais latentes. Portanto, para o objetivo em questão, valia regra do “quanto pior melhor”. Diante dessas condições objetivas, o discurso inflamado de Martelada, apelido conferido na época em que era agitador do movimento operário, fluía com naturalidade e soava como música aos ouvidos daquela gente insatisfeita por natureza.

Do alto do velho carro de som, uma quase finada Caravan modelo 1976, que também servia de palanque improvisado, Roy Corrói observava atentamente a expressão de cada um dos espectadores. A platéia não era numerosa, se resumia tão somente a uns 30 gatos pingados, mas, como pontuou um dos futuros assessores da eleição ainda incerta, já havia sido pior em outras épocas. Além do mais, a tendência natural é de que cada ouvinte passasse a ladainha proferida adiante, contagiando amigos e familiares.

A peleja político-partidária daquele dia estava praticamente concluída, restava apenas - encerrada o “parlação” – esperar os cabos eleitorais concluírem a distribuição dos panfletos confeccionados às duras penas na gráfica de um amigo e ex-signatário dos ideais revolucionários de outras épocas. De repente e oportunamente, chega um dos “frentes de massas” trazendo a informação de que um dos moradores mais populares e respeitados é um antigo admirador de Martelada. Mais do que isso: deseja conhecê-lo, a fim de expressar admiração e (por que não?) organizar uma grande e densa reunião de apoio.

O ímpeto foi de conhecer logo o “oráculo comunitário” e, a partir disso, iniciar a colheita dos frutos políticos que isso – mais tarde - renderia, mas Corrói tinha experiência suficiente para saber que cada coisa acontece no tempo certo. Ora, o bem se executa aos poucos, deglute-se com frieza e parcimônia. Lembrou-se que o candidato a prefeito da sua coligação faria um comício naquele reduto de miseráveis dali a uma semana. Essa seria, então, uma excelente oportunidade de mostrar liderança e impor respeito.

Afastou de prontidão a idéia de conhecer o velhusco naquela hora e tratou, através de “procuradores”, de ajeitar as bases para que o encontro acontecesse em sete dias, logo depois do comício do seu prefeiturável, um sujeito polido, sério e que não parecia ter a menor vocação e nem saco àquela dimensão política, tal era a sua indiferença em algumas situações. Sabia-se, inclusive, por todos os envolvidos na campanha que ele não conseguiu estabelecer uma relação amigável com martelada. Eram muito diferentes e estavam em patamares distintos. Um estava em pleno gozo do mandato de deputado federal, disputando circunstancialmente a prefeitura de uma cidade com a qual não tinha identidade. Já o outro, que também havia experimentado a glória e respirado o ar rarefeito dos “que ficam de salto alto”, travava uma briga incansável para voltar a ser “alguém” na vida.

Passados sete dias, lá estavam todos espremidos no apertado palanque de pouco mais de cinco metros quadrados. Cada candidato a vereador matutando a melhor forma possível de utilizar os míseros dois minutos que cada um deles tinha à disposição. Basicamente, o tempo dava somente pra fazer uma brevíssima saudação e informar o nome e o número pelo qual cada um concorria a uma cadeira na câmara municipal. A mediocridade era tamanha que alguns sequer conseguiam desempenhar com desenvoltura a tarefa tão risível.

Todos eles faziam, em outras palavras, figuração para o candidato a prefeito, o grande orador e estrela da noite. Roy Corrói estava firme e já havia combinado a visita, logo após o comício, à casa do ancião que ajudaria a elevar o seu prestígio junto ao staff geral da campanha. Horas antes de subir no palanque, ficou sabendo que o seu futuro apoiador perdeu visão quatro anos antes, dias após completar 72 anos de idade.

Encerrado o comício, realizado com relativo sucesso e embalado ao som do jingle ambientado em melodia arrochante, a trupe política, incluindo a equipe de marketing eleitoral, dirigiu-se para a casa do velhinho, a esta altura do campeonato já se sabendo chamar de Seu Herculano.

O portão de zinco da casinha simples de muro chapiscado estava escancarado e era a senha para que todos entrassem e vissem a terna cena do abraço de Seu Herculano no seu ídolo. Roy Corrói deixou que a sua corda de caranguejos, autodenominada assessoria, fizesse as honras da casa. Sentado em uma cadeira de ferro de construção, ornada em fios de plástico da cor verde, o velho Herculano espreitava cegamente a cena, transmitindo segurança e a sabedoria peculiar aos amigos-irmãos do tempo.

Feita toda a cena, um desses relações públicas naturais da vida, em outra situação geográfica chamado de “simidão”, apressou-se em efetivar o tão esperado encontro.

- Seu Herculano, trouxemos o vereador Roy Corrói para conhecer o senhor.
- Ô, meu fio, cadê a ele? Esperei tanto por esse momento – disse o ancião com a voz levemente afetada pela emoção.
- Vou dar um abraço nele. Se aproxime, por favor – completou.

Apreensivo, Martelada deu três passos à frente e ergueu a mão direita para cumprimentar o admirador. Querendo se certificar de que estava realmente ao lado do político admirado, Seu Herculano perguntou novamente se era o candidato que estava ali, a poucos metros dele. Ouviu um sim coletivo.

Encorajou-se e deu um tapa cinematográfico na face de Corrói, que, sem entender nada, ficou inicialmente sem reação. Em um segundo momento, xingou - de nomes impublicáveis - o assessor que armou o encontro. Saiu apressado, sem saber que jamais sairia da memória coletiva daquele povo. Foi o escolhido, até injustamente, para o dia do troco.

Isso mesmo: o dia em que o povo miserável deu um tapa na cara dos políticos. Poderia ter sido com qualquer um, mas quis o destino que o escolhido fosse Roy Corrói, que dias depois ganhou a eleição e, de quebra, aprendeu que a horda tem lampejos de consciência e costuma selecionar símbolos de vez em quando para cravar – entre tapas e falsos beijos – a máxima popular que diz “Aqui não. Basta!”.

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Nem sempre os melhores ganham

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Dois dos principais quadros da política brasileira do século passado, Luiz Carlos Prestes e Ulysses Guimarães, tiveram, além do espírito democrático e da liderança incontestável, outro traço em comum. Ambos, embora o primeiro deles tivesse inspirações mais revolucionárias, não tiveram a oportunidade e a honra de comandar a nave-mãe chamada Brasil.

Ulysses foi o que chegou mais perto. Foi, inclusive, candidato a presidente em 1989. Sem transferir o prestígio e a popularidade adquirida com a campanha da Diretas Já!, terminou a disputa em um frustrante sétimo lugar.

O senhor Diretas, como ficou conhecido, foi um dos principais articuladores da redemocratização do país. Sem a condução dele, que também foi presidente da Assembléia Nacional Constituinte, a Constituição de 1988 certamente não seria a mesma.

Dirigente comunista de grande respaldo popular, o Cavaleiro da Esperança, apelido dado a Luiz Carlos Prestes por Jorge Amado, passou quase um terço de sua vida preso. Amargou, juntamente a esquerda da época, os erros de uma estratégia sectária de tomada do poder, que desconsiderava o fator mais elementar das transformações sociais: o povo.

Prestes foi senador da República por míseros dois anos. Na metade do mandato, teve os direitos políticos cassados pela ditadura do presidente Eurico Gaspar Dutra. Ulysses, o maior parlamentar brasileiro de todos os tempos, foi deputado por 11 legislaturas consecutivas. Na presidência da Câmara Federal, teve três experiências (1956-1957, 1985-1986 e 1987-1988).

Tanto o Cavaleiro da Esperança quanto o Senhor Diretas foram, sem dúvidas, parte substancial do que existiu de melhor em suas épocas. Não presidiram a nação, para o azar povo. Mesmo assim se tornaram sujeitos ativos da história e exemplos concretos de que as grandes vitórias nem sempre pertencem aos melhores combatentes.

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