A boa leitura é bem parecida com o ótimo sexo. Somos tomados por sucessivas sensações transloucas, por vezes insanas, espasmos pleonásticos incontroláveis e uma vontade louca de dominar e ser dominado.

Quando o enredo é bom, não temos vontade de parar. Não obstante a isso, seqüenciamos um capítulo atrás do outro, cada leitor no seu ritmo e estilo de juntar palavras. Uns preferem curtir as letras pela manhã cedo; outros na tardinha ou ainda no último momento antes de dormir.

Mas há também os iletrados: esses elementos deletérios não topam nunca juntar nacos de inhos e de nhãos. Preferem escrever e ler sozinhos, enclausurados em cela assombrada. Vai entender a cabeça de quem dorme no sereno. Mente de gente é terra que ninguém explora, nem colonizador high-tech portador de GPS.

Quando vencemos a última página do livro bom, aquela derradeira que olhamos logo quando pegamos o produto na prateleira, o prazer vem fumegante. A saudade vem em seguida, boa, densa e com gosto de quero mais. No ato posterior, o espírito do mais cético dos metafísicos se eleva. Quer mais, mais e mais. Anseia pelo próximo livro, afinal o prazer do desbravador reside no desafio de chegar aonde ninguém mais chegou.
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