Tem gente que pensa que liberdade de expressão é só “força de expressão”

Reporter: Geraldo Honorato 0 Responses
Estamos em uma fase perigosa para a imprensa. Primeiro, de forma irresponsável, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela não obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Agora, em Camaçari, uma guarnição da Polícia Militar desrespeitou e agrediu moralmente a produtora editorial Saadia Souza, do jornal eletrônico Camaçari Notícias (CN1). A truculência dos agentes envolvidos no episódio lembrou os piores momentos do sangrento rastro deixado pela Ditadura que calou, torturou e até tirou a vida de valorosos profissionais da informação.

Parece até que liberdade de expressão é somente “força de expressão”. Parece piada de mau gosto, mas, por azar, não é. Em um surto autoritário que beirou o descontrole, o que é, infelizmente, comum em parte dos agentes da repressão institucionalizada, o braço do Estado criado para proteger os cidadãos deu um tapa na cara da democracia. Impedir um repórter de registrar um fato ocorrido em via pública nada mais é do que golpear os princípios básicos da vida social.

A “agressão” não foi somente a aguerrida Saadia Souza, que estava apenas cumprindo as suas obrigações funcionais, e aos leitores do CN1. Foi também uma violência contra toda a imprensa e, de certa forma, a população de Camaçari.

Neste momento, é importante que todos os veículos de comunicação da cidade manifestem repúdio a atitude da guarnição da PM em questão. Os que não fizerem isso estarão prejudicando a si próprios.

Hoje, o “ataque” foi contra Saadia e ao CN1. Mas amanhã poderá ser comigo ou com qualquer outra pessoa que ganha a vida na garimpagem da notícia. É inadmissível que esse episódio abra precedentes.

Com unidade e determinação, o conjunto dos profissionais de imprensa de Camaçari espera que o comando da PM se posicione sobre a questão e venha, de público, reconhecer os erros incontáveis da desastrosa ação.

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