Certamente, a geração que tem atualmente entre 25 e 35 anos de idade, ao ouvir - na adolescência - o lugar comum de que a juventude é a esperança de um futuro melhor, não considerava o seu papel estratégico na construção de instituições mais sólidas e eficientes. Cada vez é maior o número de debutantes balzaquianos com destaque na política.

Vi esses dias um exemplo emblemático. São Paulo, o estado mais rico e importante do país, tem um secretário com pouco mais de 30 anos de idade. Trata-se de Bruno Caetano, titular da pasta de Comunicação, que desbancou o todo-poderoso Hubert Alquéres, professor universitário e tido, até então, como um dos bambambãs do pedaço.

Um dos maiores destaques individuais do governo Serra, Caetano é cria (criatura) da juventude do PSDB, com participação no movimento estudantil e experiência em assessoria de vereadores e deputados estaduais. Em setembro de 2007, ele assumiu o cargo com a difícil tarefa de humanizar e tornar mais eficiente a comunicação da gestão tucana.

Suas primeiras medidas foram a regionalização da produção (pautas específicas para os veículos do interior), invadir, no sentido mais amplo da acepção, o universo da internet (foram criados perfis oficiais no twitter, orkut, facebook, flickr e my space) e, por fim, a avaliação das áreas estratégicas (saúde, educação, transportes e segurança) passou a ser realizada a cada quinze dias. Isso mesmo: o tucanato faz sondagens qualitativas duas vezes por mês.

Todos os meses os mais de um milhão de servidores públicos paulistas recebem confortavelmente em casa uma revista, com muitas fotos e somente informações essenciais, sobre as ações de Serra. Todas as propagandas, antes de serem veiculadas no rádio, tevê, outdoor e internet são apresentadas aos funcionários do órgão que cuida da ação/programa relacionada a campanha publicitária. O nome disso é endomarketing. Basicamente, consiste em oferecer aos servidores subsídios para que eles conheçam e, a partir disso, defendam os produtos e a instituição onde cumprem obrigações funcionais.

O trabalho executado por Bruno Caetano tem dados bons resultados, haja visto que a avaliação positiva do governo tem melhorado bastante. E os bons resultados estão desatrelados do aumento excessivo dos gastos em publicidade, que consomem atualmente 0,16% da arrecadação total. Um número considerado médio. O fato é que ter bons projetos faz a diferença. Só para ter idéia, quem mais gasta com propaganda (0,65% da soma total de divisas), dentre todas as unidades federativas do país, é o Amazonas.

Este texto não é um brinde às incursões peessedebistas e muito menos ao gestor da Comunicação oficial do Governo de São Paulo. Bruno Caetano é, aqui, apenas uma metáfora para mostrar que, em muitas áreas, a Esquerda, que por DNA deveria ser revolucionária, é conservadora. Não experimenta o novo e concentra esforços em táticas e figuras ultrapassadas. Prefere, às vezes, em detrimento ao pioneirismo, o bom e velho currículo recheado.

Enquanto isso, a Direita, em posição paradoxal, tem peito de experimentar e bancar um quadro jovem em uma área estratégica como é a comunicação social. Isso é, para mim, a moral da história das linhas rabiscadas acima. Se a direita inova e revoluciona administrativamente, o que resta então para esquerda empreender? A questão merece uma reflexão séria e profunda, porque, mais do que gerir de forma eficaz a máquina pública, é fundamental revelar e qualificar quadros, protagonistas e pontas de lança de projetos técnicos-políticos. (GH)
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