Nem sempre os melhores ganham

Reporter: Geraldo Honorato 0 Responses
Dois dos principais quadros da política brasileira do século passado, Luiz Carlos Prestes e Ulysses Guimarães, tiveram, além do espírito democrático e da liderança incontestável, outro traço em comum. Ambos, embora o primeiro deles tivesse inspirações mais revolucionárias, não tiveram a oportunidade e a honra de comandar a nave-mãe chamada Brasil.

Ulysses foi o que chegou mais perto. Foi, inclusive, candidato a presidente em 1989. Sem transferir o prestígio e a popularidade adquirida com a campanha da Diretas Já!, terminou a disputa em um frustrante sétimo lugar.

O senhor Diretas, como ficou conhecido, foi um dos principais articuladores da redemocratização do país. Sem a condução dele, que também foi presidente da Assembléia Nacional Constituinte, a Constituição de 1988 certamente não seria a mesma.

Dirigente comunista de grande respaldo popular, o Cavaleiro da Esperança, apelido dado a Luiz Carlos Prestes por Jorge Amado, passou quase um terço de sua vida preso. Amargou, juntamente a esquerda da época, os erros de uma estratégia sectária de tomada do poder, que desconsiderava o fator mais elementar das transformações sociais: o povo.

Prestes foi senador da República por míseros dois anos. Na metade do mandato, teve os direitos políticos cassados pela ditadura do presidente Eurico Gaspar Dutra. Ulysses, o maior parlamentar brasileiro de todos os tempos, foi deputado por 11 legislaturas consecutivas. Na presidência da Câmara Federal, teve três experiências (1956-1957, 1985-1986 e 1987-1988).

Tanto o Cavaleiro da Esperança quanto o Senhor Diretas foram, sem dúvidas, parte substancial do que existiu de melhor em suas épocas. Não presidiram a nação, para o azar povo. Mesmo assim se tornaram sujeitos ativos da história e exemplos concretos de que as grandes vitórias nem sempre pertencem aos melhores combatentes.

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