Terminei este artigo antes dos 40 minutos do segundo tempo da partida entre Brasil e Portugal, válida pela terceira rodada do grupo G da Copa do Mundo da África do Sul. Mesmo que o time de Dunga vencesse o jogo, publicaria sem receio as razões que me deixam temeroso em relação ao desempenho da equipe canarinho.

Com um elenco ruim por opção, já que Hernanes, Ganso, Neimar e Tiago Motta, dentre tantos outros craques, ficaram de fora do plantel por puro capricho do zangado treinador, a seleção carece cronicamente de criatividade, principalmente no meio-de-campo, e competência coletiva. A título de provocação, alguém sabe mesmo por que o flamenguista Kleberson foi convocado?

O confronto contra Portugal foi sintomático e esclarecedor. Apontou diretamente os problemas sinalizados ainda na convocação, quando a maior parte dos jornalistas esportivos – torcedores também - questionou a falta de um substituto direto – e à altura - para Kaká, que com certeza não é o esforçado Júlio Baptista, reserva nos últimos dois clubes por onde atuou (Real Madri e Roma).

A batalha contra os lusitanos deixou claro também o demasiado “peso” do meio-campo, carregado de volantes com deficiências básicas no passe vertical. Felipe Melo e Gilberto Silva tocam a bola teimosamente de um lado para o outro, erram lances bobos e aplicam golpes marciais aos montes. A dupla marca bem, mas faz praticamente o mesmo papel de contentor. E só.

A lateral-esquerda é outro grande problema. Michel Bastos - que é um bom futebolista, porém não joga na posição desde que se transferiu para o Lyon - parece não ter a confiança do grupo. Não tocam a bola para ele e, inseguro, erra demais quando é acionado. Avalio que esse setor foi o mais prejudicado pela convocação de Dunga. Por mérito, os selecionados deveriam ser Marcelo, do Real Madri, e Andre Santos, ex-Corinthians e atualmente no Fenerbache.

Mas tudo o que foi dito acima não exclui a possibilidade de o escrete canarinho ser campeão, até porque o mundial da África do Sul tem apresentado baixo nível técnico. Não há um time que destoe como grande favorito. O que existe é um grupo de quatro seleções (Brasil, Argentina, Espanha e Holanda) que se equivalem. A partir daí tudo, dentro de uma certa previsibilidade, pode acontecer.
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